Thursday, April 30, 2015

A família como suporte social

Ninguém está preparado para adoecer e a possibilidade de adoecimento de um familiar gera grande expectativa, sobretudo quando se trata de uma doença crônica e incapacitante. A repercussão da doença envolve aspectos biopsicossociais, sendo necessário elaborar as mudanças e as conseqüências do processo de adoecer, principalmente no que diz respeito à forma como a famíllia, o trabalho e as relações sociais são afetados.
As enfermidades neurodegenerativas apresentam níveis crescentes de dependência para atividades da vida diária, com conseqüente impacto sobre a qualidade de vida dos pacientes e seus cuidadores. A dependência para a realização, principalmente das atividades cotidianas, pode desencadear sentimentos de frustração, ansiedade e aborrecimentos devido às restrições no estilo de vida. E os aspectos psicológicos podem interferir na adesão ao tratamento e na elaboração de uma relação satisfatória com a doença.
A família é a fonte mais importante de apoio social, exercendo grande influência na saúde e na doença, uma vez que o suporte social compreende a forma de relacionamento interpessoal que dá ao indivíduo um sentimento de proteção e apoio capaz de propiciar redução de estresse e bem estar psicológico. Um sistema de apoio social deve envolver o aspecto emocional, onde a pessoa se sente amada, protegida e cuidada, o aspecto valorativo, que implica um sentimento de auto-estima, consideração e respeito e ainda um aspecto não menos importante que é a comunicação, que gera o sentimento de pertencer à uma rede onde o acesso às informações são compartilhadas por todos. Desta forma, a família, como apoio social, deve favorecer trocas afetivas, cuidados mútuos e uma comunicação franca e precisa entre familiares, paciente e equipe médica. Esta dinâmica favorece no indivíduo a sensação de acolhimento e apoio que lhe dá força para enfrentar o estresse e elevar a auto-estima.
A participação da família no processo de adoecimento do indivíduo acontece desde a percepção dos primeiros sintomas como em todo o processo de aceitação e convivência com a doença.
Diferentes reações podem ser observadas entre os membros da família. Reações de irritação, impaciência e cobrança são freqüentes naqueles que não aceitam a perda da capacidade, a impotência do familiar doente, sobretudo se este for um dos pais e, neste caso, é comum os filhos esperarem sempre encontrá-los no lugar dos pais idealizados da infância. Sentimentos ambivalentes, de agressividade e culpa pode levar até mesmo ao afastamento de um familiar. De outra forma, existem famílias que se unem e apresentam situações de generosidade, juízo de realidade e gratidão que fazem com que se mobilizem a fim de proporcionar maior conforto e segurança ao familiar doente. O controle da instabilidade familiar requer a redistribuição de papéis, sobretudo para lidarem com as questões financeiras e com o cuidado do doente.
É preciso que a família se coloque no lugar daquele que necessita de cuidados. Compreender que a frustração pela incapacidade e redução de autonomia de um familiar é um sentimento comum entre os membros da família, embora cada um possa reagir de uma forma.  Vale sempre lembrar que a afetividade, o respeito e a comunicação clara e eficaz devem sempre ser a base para um bom sistema de suporte social, onde não só o aquele que está doente precisa de apoio, mas todos os membros da família.
Isamara Melo Silva
Psicóloga – CRP 05/32906
Gestalt terapeuta, graduada e pós graduada pela Universidade Estácio de Sá – RJ. 
Experiência com coordenação de grupos de reflexão e apoio psicológico à pacientes cardíacos, com Treinamento Profissional em Psicologia Médica, realizado na enfermaria de cardiologia e Unidade Coronariana do Hospital Universitário Pedro Ernesto – UERJ; experiência com coordenação de grupo de reflexão e apoio psicológico à pacientes com Doença de Parkinson, como voluntária da APPEMA; coordenação de projetos de Educação em Saúde do Centro de Estudos da Clínica Cardiocentro – Volta Redonda/RJ.
Hamiltom Guerra

No comments:

Post a Comment

Prevenção ao AVC

A Campanha de Prevenção ao AVC nas Empresas é um serviço prestado pela APPEMA, sem nenhum ônus para as mesmas.
Os interessados deverão entrar em contato pelo telefone 9231-0507, falar com Ana Lúcia, Presidente da APPEMA.

Conta Bancária

Banco Itaú
Agência: 0337
C/C: 80937-0

"Sua contribuição pode ser uma gota no oceano, mas sem ela o oceano seria menor"
Madre Teresa de Calcutá